Palazzo Ducale (Palácio Ducal/Palácio do Doge)

Panorama do Palácio do Doge visto da Laguna de Veneza em um típico dia de verão. foto: Tracy Elaine

História do Palazzo Ducale (Palácio do Doge)

O Palácio do Doge é símbolo do poder e do prestígio que Veneza gozava em seu apogeu.

Acredita-se que a construção do palácio iniciou-se no século IX, após a transferência da sede ducal de Malamocco para o novo lugar na Veneza de 810, durante o dogado de Angelo Partecipazio. No século X um incêndio destruiu o antigo palácio e hoje nenhum vestígio permanece daquele edifício.

As obras seguintes de reconstrução foram realizadas a mando do Doge Sebastiano Ziani (1172-1178), que iria mudar drasticamente todo o layout da Praça São Marcos. O novo palácio foi construído como uma fortaleza, uma fachada para a Piazzeta e outra com vista para a Bacia de São Marcos

Detalhe da pintura de Canaletto (1697-1768) com a Basílica de San Marco e o Palácio Ducal no fim do século XVIII.

Apesar de apenas poucos traços restarem daquele palácio, algumas características da arquitetura bizantina permanecem e ainda podem ser vistos no piso térreo, como a base da parede em pedra Ístria e tijolo e pavimentação no padrão espinha de peixe.

O Doge Francesco Foscari na Porta della Carta. foto: Greg Willis

Visão que os visitantes tem da Porta della Carta. foto: Adam W.

Somente em 1424 o Doge Francesco Foscari decide prolongar a reconstrução para a ala com vista para a Piazzetta, finalizando em seguida com a construção da Porta della Carta em 1442 (fotos acima).

Em 1483 , um violento incêndio irrompeu no lado do palácio com vista para o canal, onde os aposentos do Doge estavam. Mais uma vez, uma restauração tornou-se necessária e foi encomendado por Antonio Rizzo, que iria introduziria uma nova linguagem renascentista de arquitetura do edifício.

Uma nova estrutura foi levantada ao lado do canal, que se estende desde a Ponte della Canonica à Ponte della Paglia, com as salas de oficiais do governo decoradas com obras encomendadas de artistas como Vittore Carpaccio, Giorgione, Alvise Vivarini e Giovanni Bellini.

Outro grande incêndio em 1547 destruiu alguns dos quartos no segundo andar, mas felizmente, sem prejudicar a estrutura como um todo. Obras de restauração foram realizadas no palácio em 1577 quando um terceiro incêndio destruiu o quarto Scrutinio e a Grande Câmara do Conselho, juntamente com obras de Gentile da Fabriano, Pisanello, Alvise Vivarini, Vittore Carpaccio, Giovanni Bellini, Pordenone e Ticiano.

No trabalho de reconstrução foi decidido respeitar o estilo gótico original, apesar da apresentação de projetos alternativos no estilo neo-clássico pelo influente arquiteto renascentista Andrea Palladio. No entanto, permaneceram algumas características clássicas - por exemplo, desde o século XVI, o palácio tem sido ligado à prisão pela Ponte dos Suspiros.

Além de ser a residência ducal, o palácio abrigava instituições políticas da República de Veneza até a ocupação napoleônica da cidade em 1797, quando o seu papel inevitavelmente teve que mudar. Veneza foi submetida primeiro ao domínio francês, em seguida à Áustria e finalmente em 1866 tornou-se parte da Itália. Durante este período o palácio foi ocupado por várias administrações, além de hospedar a Biblioteca Marciana e outras instituições culturais importantes dentro da cidade.

Até o final do século 19 a estrutura estava mostrando sinais claros de decadência. O governo italiano levantou fundos significativos para a sua restauração e todos os escritórios públicos foram transferidos para outros locais, com exceção da Secretaria de Estado.

Em 1923, o Estado italiano, proprietário do edifício, confiou a gestão para o município de Veneza para funcionar como um museu. Desde 1996, o Palácio Ducal faz parte da rede de museus de Veneza, que está sob a gestão da Fondazione Musei Civici di Venezia desde 2008.

Muitas salas do palácio impressionam pelo luxo e opulência, como a Sala del Maggior Consiglio - foto: Vyacheslav Argenberg

As prisões do Palácio Ducal

O tribunal e as prisões estavam originalmente no Palácio dos Doges. As celas estavam nos subterrâneos e ligações. Na época as celas viviam lotadas, abafadas e infestadas de insetos. Muito quentes no verão e muito frias no inverno. Uma sala anexa era o quarto de torturas fazendo dura a vida para os prisioneiros.

Um famoso detento das Piombi (como eram chamadas as celas) foi Giacomo Casanova que conseguiu a proeza de escapar pelo telhado.

A Ponte dos Suspiros

Um corredor leva para a Ponte dos Suspiros, construída em 1614 para ligar o Palácio Ducal até as Prigioni Nuove. Fechada e coberta pelos lados, a ponte possui dois corredores separados.

Para passar na célebre Ponte dei Sospiri (Ponte dos Suspiros) o visitante deve ingressar no Palácio dos Doges. foto: Michel Guilly ::

O nome famoso da ponte data do período romântico e se referia aos suspiros que os prisioneiros, passando do tribunal para as celas em que eles recebiam a sua sentença, davam uma última olhada através das pequenas janelas contamplando o exterior.

O Museo di Palazzo Ducale nos dias de hoje

Como dizem na Itália: "A buon consiglio non si trova prezzo" (bom conselho não tem preço). Portanto nossa dica para você é reservar no mínimo uma tarde para apreciar essa que é uma das maiores atrações de Veneza.

O pátio tem um lance de escadas que levavam aos aposentos do Doge, é a Scala dei Giganti (Escada dos Gigantes) foto: Dennis Jarvis

No interior do Palazzo não deixe de observar as ricas pinturas de Tintoretto, Veronese e seus discípulos. No pátio, observe a belíssima Escadaria dos Gigantes onde os Doges eram coroados.

O passeio inclui uma passagem pelas prisões de onde Casanova teria escapado pelo teto. Observe as inscrições que os condenados faziam nas paredes das celas. É de dar arrepios!

Na mesma Praça São Marcos:
• Biblioteca Marciana
• Campanile di San Marco (Campanário de São Marcos)
• Museo Correr (Museu Correr)
• Caffè Florian (Café Florian)
• Ponte dos Suspiros (logo ao lado da praça)